Tatuadora pernambucana desenvolve projeto para cobrir gratuitamente cicatrizes de mulheres violentadas
A luta das mulheres contra o assédio tem se tornado cada vez mais forte e, apesar de muitos acreditarem não poder fazer nada a respeito, existe sempre uma forma de se ajudar. E, a conscientização sobre esse assunto não poderia ser mais importante. Basta analisar os números para perceber o quão grave essa situação é em nosso país, ainda hoje. E que, por mais que muitos acabem mistificando esse fato, ele é uma realidade evidente e dolorosa.
Para se ter uma ideia, uma pesquisa mostrou que cerca de 503 mulheres sãovítimas de violência em nosso país a cada hora. Totalizando aproximadamente 12 mil casos por dia, apenas no Brasil. A gravidade desta realidade, juntamente com experiências próprias, fez com que a tatuadora pernambucana, Fernanda Souza, resolvesse fazer algo a respeito. Oferecendo seções gratuitas de tatuagem para cobrir marcas deixadas em mulheres que sofreram algum tipo de agressão.
A história da tatuadora
Quando tinha apenas 18 anos, Fernanda Souza foi vítima de um abuso sexual e acabou ficando calada a respeito do assunto. Ela não teve coragem de denunciar o ocorrido na época e nem mesmo buscou por ajuda, fazendo com que ela carregasse essa marca sozinha por muito tempo. Mas, felizmente, ela decidiu que era hora de mudar isso. Atualmente ela já consegue falar mais abertamente sobre o assunto e decidiu que deveria ajudar outras mulheres também passaram por algo parecido.
O projeto
A jovem tatuadora, de 26 anos, deu início ao projeto no mês de março deste ano. As sessões de tatuagem seriam oferecidas gratuitamente para mulheres que foram vítimas de violência e tiveram seus corpos marcados com cicatrizes. E, apesar de ter enfrentado algumas dificuldades no começo, se perguntando se estaria realmente ajudando essas mulheres ou apenas ressaltando ainda mais o problema, ela resolveu manter sua ideia.
Fernanda acabou recebendo o apoio de seu namorado e alguns amigos, que a incentivaram a continuar com o projeto. E, depois de se deparar com a história de diversas mulheres, que iam desde agressões em assaltos até abusos físicos e sexuais, ela decidiu que deveria manter a iniciativa até este mês de abril. E, durante as sessões, Fernanda se dispõe a ouvir as histórias das mulheres e as ajudam a escolher a tatuagem perfeita para cobrir a cicatriz. Ela afirma também que quer fazer com que essas mulheres sintam que podem confiar nela para conversar e “marcar” o seu corpo de uma outra forma.
A iniciativa de ajudar as mulheres vítimas de violência a se sentirem melhor com seus corpos fez com que muitos se comovessem. Afinal, ela encontrou uma forma de ajudá-las com seu trabalho e isso é incrível.